Alice suspirou cansada. “Acho que você poderia aproveitar melhor o seu tempo”, disse, “em vez de desperdiçá-lo propondo charadas que não têm resposta.”
“Se você conhecesse o Tempo como eu conheço”, disse o Chapeleiro, “não falaria em desperdiçá-lo, como se fosse uma coisa. É um senhor.”
“Não entendo o que você quer dizer”, disse Alice.
“Claro que não entende!”, disse o Chapeleiro, atirando a cabeça desdenhosamente para trás. “Acho que você nunca sequer falou com o Tempo!”
“Talvez não”, respondeu Alice cautelosamente, “mas sei que tenho de bater o tempo, quando estudo música.”
“Ah! Isso explica tudo”, disse o Chapeleiro. “Ele não suporta ser batido. Agora, se você mantivesse boas relações com o Tempo, ele faria quase tudo o que você quisesse com o relógio. Por exemplo, vamos supor que fossem nove da manhã, bem na hora de começar as aulas. Você só teria de sussurrar uma dica para o Tempo, e o ponteiro giraria num piscar de olhos! Uma e meia, hora do almoço!”
Acima, xilogravura da folha de rosto do Lunário Perpétuo, almanaque português publicado pela primeira vez em 1594 e reeditado inúmeros vezes ao longo dos séculos.
O tempo também é divo dos provérbios populares e ensinamentos de mãe. Flecha atirada e palavra pronunciada não voltam atrás. Há que dar tempo ao tempo. O tempo é o talismã divino. Ora vilão, ora aliado, o certo é que o tempo não dá marcha a ré. A gente divide o tempo pra se encontrar nele. A gente é tempo, tempo amontoado, memória.
Nós da Aletria saudamos o tempo que passa e o ano que nasce. Obrigada a todos os parceiros, amigos e leitores que constroem com a gente o Instituto Cultural e Editora Aletria. Dois Mil e Dezessete, pode entrar, venha pela sombra.
Do dia 23/12 ao dia 02/01, a Aletria estará saudando o ano novo e os festejos natalinos. Nesse período, nosso escritório estará fechado. Os pedidos de nossa loja virtual, feitos durante esse período, serão entregues a partir do dia 03/01 ;)